Apesar de na maioria das vezes, justificarmos o nosso desespero, externalizando a culpa para pessoas e fatores externos, ou seja, aquilo ou quem causou este estado de desespero no qual nos encontramos, é com certeza uma forma equivocada de entender nossa própria dificuldade em lidar com a impotência e a incapacidade de resolver ou até mesmo amenizar a situação e gerar resultados positivos.

"Devemos ir buscar a coragem ao nosso próprio desespero" - Sêneca

Algumas vezes pela completa falta de soluções e saídas, outras vezes pelo excesso de opções, o que causa uma confusão mental que desfoca completamente nossos esforços, motivações e expectativas em encontrar uma solução que tranquilize e concentre nossa atenção para aquilo que realmente esta sob nossa alçada, ao invés de tentar transferir esta dor e desconforto aos outros ou tentar mudar aquilo que não controlamos.

Seguido desta confusão mental, vem uma completa inquietação e perda da paciência com relação a situação o que pode resultar em comportamentos tanto agressivos, de raiva e indignação, assim como, em desalento, desânimo e paralizia.

Constantes estados de desespero podem gerar também repressão em vários aspectos de nossas vidas, além é claro de baixa autoconfiança, baixa autoestima e uma sensação de incompetência e incapacidade.

"Não existe desespero tão absoluto quanto aquele que surge nos primeiros momentos de nosso primeiro grande sofrimento, quando não conhecemos ainda o que é ter sofrido e ser curado, ter se desesperado e recuperado a esperança" - George Eliot

Na minha opinião, o desespero é uma das causas principais da cegueira cognitiva e criativa, é o combustível propulsor e criador de crenças primárias, generalistas e limitantes que eliminam qualquer capacidade de persistência, resiliência e superação, além é claro, eliminador de qualquer restício racional, lógico e ponderado.

O desespero é completamente emocional, que invade pensamentos, distorce percepções e interpretações, molda comportamentos negativos, sabotadores e inconscientes e que distancia qualquer possibilidade ou perspectiva de solução.

"O desespero é o caminho mais longo para se chegar à vitória" - Mário Sérgio

De forma fria, objetiva e direta, eu entendo o desespero como duas estradas a serem seguidas e que no fim sempre devem, ou pelo menos deveriam terminar no mesmo ponto.

Na estrada da esquerda esta a completa falta de opções, nada do que eu faça poderá mudar os acontecimentos passados, porém mesmo sem ter nada sob minha alçada e controle que permita isso, eu ainda tenho a capacidade de moldar e mudar o futuro tanto de forma positiva ou negativa, neste caso talvez a palavra mais significativa a ser considerada seja a de aceitação.

Na estrada da direita, ao contrário da outra, tenho várias alternativas, várias opções e escolhas, algumas delas com efeitos negativos, outras positivos, algumas são apropriadas e vão de encontro aos meus valores outras não, algumas podem ressignificar algumas crenças e outras podem criar novas ou fortalecer antigas, porém todas dependem apenas de uma coisa, decidir, e para isso é preciso assumir as consequências e implicações de seus atos, comportamentos e ações, eu consideraria a palavra neste caso mais significativa como decisão.

Seja trilhando por uma ou outra estrada, o objetivo principal e talvez único, na minha percepção é claro, e de encontrar uma solução eficiente, eficaz e que produza resultados positivos, seja pela aceitação de que nada pode ser feito que mude o contexto ou pela decisão em agir.

"Aquilo a que chamamos o nosso desespero é frequentemente a dolorosa avidez de uma esperança insatisfeita" - George Eliot

O ciclo interminável de desespero, crônico, que gera sequelas, afastamento, cegueira e comportamentos inapropriados deve ser eliminado, logo no início, de forma forte, objetiva e consciente, tendo como foco principal, o bem estar e a saúde física e mental.

Não é um processo fácil, rápido ou simples, é preciso interromper o fluxo, buscar apoio, rever as perspectivas, e tomar ações imediatas, positivas e racionais.

DESESPERO: Energia (1) / Agradabilidade (1)

Para encontrarmos o real sentido e sensação do desespero, é preciso se perguntar:

O que é e o que significa sentir isso?
Como sei que estou sentindo isso?
Como percebo este sentimento/emoção nas outras pessoas?
Como normalmente expresso este sentimento/emoção?
Este tipo de sentimento/emoção atende ou não as minhas necessidades?
Que tipos de situações me permitem sentir isso?
Que tipo de valores ou crenças estão por trás deste sentimento/emoção?
Que reações fisiológicas percebo no meu corpo quando estou sentindo isso?