Normalmente temos o hábito de criarmos expectativas com base em algo ao qual não temos alçada nem controle e com isso, é claro, criamos um sentimento de desgosto pelos resultados não correspondidos com nossa necessidade e desejo.

"Nada de desgosto, nem de desânimo; se acabas de fracassar, recomeça." - Marco Aurélio

É claro que como uma emoção com baixo nível de agradabilidade damos uma interpretação negativa, porém o desgosto com os resultados pode significar que devemos criar expectativas que sejam correspondentes tanto com a realidade como com os esforços e intenções e que estejam dentro dos limites de nossas próprias ações e atitudes.

Quando damos um sentido negativo ao desgosto criamos barreiras de crescimento e desenvolvimento que se expressam através de comportamentos de negação ou externalização da culpa, dor, sofrimento e desconforto de não termos conseguido aquilo que tanto esperávamos, transferindo ao outro a responsabilidade pelo nosso estado emocional.

"O desgosto é o obscurecimento do espírito e não o seu castigo." - Khalil Gibran

Nos relacionamentos, revelamos o desgosto com relação a expectativa que criamos com nossos parceiros e parceiras pelo simples fato deles não atenderem a esta necessidade, colocando a culpa nos comportamentos e atitudes do outro sem nem mesmo percebermos as nossas próprias atitudes e ações, e na maioria dos casos não temos a coragem suficiente de expressar esta expectativa de forma clara e transparente e entender como o outro se sente com relação a isso.

No trabalho, criamos expectativas com relação aos nossos líderes, a organização e a todos os indivíduos que direta ou indiretamente nos relacionamos, porém não deixamos claro nossas necessidades, valores e crenças, omitindo esta informação e criando intenções invisíveis e irreais.

"O desgosto e a alegria dependem mais do que somos do que daquilo que nos acontece." - Multatuli

O lado bom do desgosto é que ele quando enfrentado de forma corajosa e vulnerável nos permite enxergar, principalmente, os pontos de melhoria de nossos comportamentos e atitudes e criar de forma objetiva e clara, expectativas que estejam dentro do nosso controle e ao qual, conseguimos lidar de forma mais assertiva com os resultados na busca de um constante desenvolvimento e autoconhecimento de nossos próprios valores, crenças e necessidades.

O estado desagradável criado pelo desgosto, deve ser enxergado como um impulsionador para fora de nossa própria zona de conforto em busca do alinhamento de nossas emoções e percepções com nossos desejos e atitudes.

"Nosso orgulho sente desgosto por nossas falhas, e muitas vezes confundimos esse desgosto com o verdadeiro arrependimento." - François Fénelon

Esta jornada de autoconhecimento com relação a si mesmo possibilita clareza de propósitos, autoconsciência na busca por aperfeiçoamento e resiliência em entender os fatos e direcionar seus esforços.

DESGOSTO: Energia (3) / Agradabilidade (3)

Para encontrarmos o real sentido e sensação do desgosto, é preciso se perguntar:

O que é e o que significa sentir isso?
Como sei que estou sentindo isso?
Como percebo este sentimento/emoção nas outras pessoas?
Como normalmente expresso este sentimento/emoção?
Este tipo de sentimento/emoção atende ou não as minhas necessidades?
Que tipos de situações me permitem sentir isso?
Que tipo de valores ou crenças estão por trás deste sentimento/emoção?
Que reações fisiológicas percebo no meu corpo quando estou sentindo isso?